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Traduzido por Patricia Paiva

Vida e morte. Questões espirituais implicantes analisadas na essência de nossas vidas. Frequentemente nos esquecemos que somos mortais e que nossas vidas são breves raios de energia brilhando através do cosmo.

Nós vivemos como se fossemos de alguma forma importantes- fazendo coisas importantes e querendo ser respeitados pelos outros. Nós ficamos tão envolvidos nos afazeres terrestres que perdemos perspectiva: tanto que nós esquecemos quem somos. De uma forma, nós somos meros aglomerados de átomos que foram criado dentro de uma estrela distante e esquecido em algum lugar no profundo do universo bilhões de anos atrás. Agora, estamos organizados de uma forma específica que nos permite sentir, pensar e agir. Mas de outra forma, nós somos algo muito maior e melhor que isto, muito mais importante que um ajuntamento de partes.

Quando tinha oito anos de idade, eu morava em uma fazenda remota na parte sul de Illinois que ficava muito distante de qualquer município ou cidade e ficava muito escuro à noite. Em uma noite de verão, antes de eu ir para cama, estava tarde e a casa estava quieta, saí escondido para viver uma grande aventura. Era uma noite escura e sem lua. Decidi subir uma colina que me era familiar e ficava perto. Não havia árvores, então eu tive uma visão complete das estrelas. Esta foi a primeira vez que eu me lembro de olhar para o céu e o resultado foi que fiquei em total vislumbre. Uma faixa de nuvens salpicadas de estrelas que brivalham fracas e que se estendiam de um horizonte a outro através do céu. Naquele momento, sente a insignificância de ser “eu”. Eu tinha ouvido falar sobre estrelas e quão distantes elas estavam, mas nunca tinha tido uma experiência com elas. Por muitas noites depois disto, me lembro de ficar revivendo aquela visão com as estrelas deitado na minha cama, projetando minha pequena existência no céu, assistindo ela desaparecer na grande dimensão do espaço e tempo.

Senti a natureza da infinidade e também que eu fazia parte dela de alguma forma.

Eu não aprenderia por duas décadas que infinidade, nela mesma, está no coração do Budismo. Amitabha, o aspecto-Buda da luz infinita, e Amitayus, o aspecto-Buda de tempo infinito, são conceitos centrais da teologia Budista. Ter uma experiência tão humilde e tão cedo com o infinito na infância (Budistas algumas vezes se referem a isto como Nirmanakaya), não foi surpreendente mais tarde que eu aprendesse tantas práticas Budistas que são utilizadas somente para ajudar o praticante a se identificar com o infinito. Este é um passo importante para alcançar a familiarização Budista- o reino de Sambognakaya. Na tradição mística de Chan, vemos nossas vidas de acordo com o infinito: nossa vida é infinita, nossa morte é infinita, nós somos infinitos.

Reencarnação, para um místico, significa “renascer” de nossa essência- energia- em outras formas. É a continuação da essência da infinidade de todos que transcendem e sua função- a pura energia que dá vida a tudo, ela mesma nunca morre, e nunca nasce. Enquanto as coisas no universo físico vêm e vão a um fluxo constante (Dharmakaya), a energia criativa nunca cessa- quando nossos corpos morrem, morrem também nossos pensamentos e desejos, mas nossa energia essencial, nosso “eu verdadeiro”, se transforma em outras formas de energia- energia de massa, ou energia de radiação ou em outra coisa completamente. O colorário em física é expresso por Einstein em sua famosa lei de massa- energia como –E=MC²-- e pela conservação de energia que diz que a quantidade total de energia que entra em um sistema tem que ser igual à quantidade de energia que sai do sistema mais a mudança em energia contida no sistema; i.e., energia não pode nem ser criada ou destruída. Em matemática, este princípio se origina da contínua simetria translacional de tempo: que todos os movimentos são o mesmo. Parece com Chan? Sim. E quando nós consideramos isto, há alguma dúvida de que a Verdade pode se manifestar de formas variadas de sabedoria?

O fator medo: O medo é talvez a emoção mais destruidora para o nosso bem estar psicológico e físico. Todos nós conhecemos o medo: medo de falhar, medo de rejeição, medo de ser banido por grupos religiosos e sociais, ou por amigos e família. Ironicamente, os efeitos do medo manifestam em formas que aumentam nosso medo, limitando nossa habilidade de fazer amigos, de se comunicar efetivamente e honestamente com os outros, começar e continuar projetos. Se estivermos sendo consumidos pelo medo consciente ou inconscientemente, nós poderemos mostrar timidez e ela pode ser entendida pelos outros como indiferença ou mesmo moralismo. Podemos tentar esconder nosso medo sendo uma pessoa amigável para não mostrar nossas inseguranças. Nós podemos projetar amizade extrema de uma forma não natural ou escolhermos uma personalidade diferente que demonstra depressão ou cinismo. Dependendo da personalidade que escolhermos – ou que nos escolhe – nossas atividades, conhecimento e amigos darão suporte e sustentação para construir esta auto-imagem artificial.

Os efeitos do medo no físico podem ser tão severos quanto no psicológico: dores de cabeça, alergias, nervosismo, insônia, ulceras, Síndrome do Intestino Irritado, gripes frequentes e etc. Podem se desenvolver rugas faciais por franzir a testa, tristeza ou raiva que nos dá uma aparência mais velha.

O medo pode nos paralisar e não permitir vivermos nossas vidas e de nos conhecermos. Nos paralisa de vermos os outros com compaixão pois logo projetamos nossos medos e inseguranças nos outros mesmo se eles são assim ou não. Acabamos separados do mundo, isolados e sozinhos.

Como podemos superar o medo e sua terrível influência sobre nós? Devemos ter coragem- devemos nos preparar para cometer erros, mostrar falha e para mostrar nossas vulnerabilidades como seres humanos.
Devemos desejar ser afastados pelo nosso grupo social, amigos e família. Devemos estar preparados para encontrar o lado “obscuro”, ruim ou “claro”, bom: o que nós estávamos suprimindo. O que descobrimos é que a dor e a angustia envolvida nestes atos de coragem são comparados com a dor e o sofrimento que nós sentimos quando deixamos que o medo nos controle e nos manipule.

Desprendimento é o principio essencial que devemos abraçar para superar o medo. Devemos desassociar nossa imagem de quem nós realmente somos. Com coragem e fé, todos têm a habilidade para enfrentar esta emoção que é tendenciosa e destrutiva. O que nós perdemos não é nada real- é só uma pele morta que não tem vida.

Reinventando-nos: Antes que possamos entrar no domínio spiritual, devemos sair do domínio do “eu” que é nosso auto-ego. Isto não requer mais que nos reinventar- criar um novo entendimento de quem nós somos- um entendimento além do que nós somos formados e das impressões de nós mesmos durante os anos. Geralmente estas impressões são o resultado das interações com outras pessoas, trabalhos ou coisas que nós fazemos. Nossa imagem de “sucesso” ou “insucesso” geralmente guia nossos sentimentos de quem somos e são só estes sentimentos que criam um senso exaltado do “eu” ou o contrário: uma baixa auto-estima. Em ambos os casos, a causa é ego-inflamado. É o ego que traz estas imagens falsas sobre nós: externamente criamos imagens que adotamos, pois perdemos conexão com o nosso “Verdadeiro Eu”- o conhecimento de quem nós realmente somos. Reinventar quem nós somos significa derramar o senso emocional acumulado de quem nós somos- nossas atitudes sobre nós. Se o fizermos, nós naturalmente descobriremos nossa verdadeira identidade: e esta é uma descoberta que traz a alegria da emancipação e liberdade que nos faz completos novamente.